Para além do IMC: A Importância da Distribuição da Gordura e das Doenças Associadas
- Dr. André Costa Pinho
- 12 de mar.
- 2 min de leitura
O Índice de Massa Corporal (IMC) tem sido a métrica mais usada para avaliar o excesso de peso e a obesidade. No entanto, este indicador apresenta limitações importantes: não diferencia entre gordura e massa muscular nem considera a forma como a gordura está distribuída pelo corpo.
Um estudo recente, publicado no The Lancet Diabetes & Endocrinology (DOI: 10.1016/S2213-8587(24)00316-4), destaca que a quantidade e a distribuição da gordura, assim como as doenças associadas, devem ter um papel central na definição dos tratamentos para a obesidade.
Medições como o perímetro da cintura e a relação cintura-anca são muito mais eficazes para avaliar o risco metabólico. A gordura visceral – aquela que se acumula em torno dos órgãos – está fortemente ligada a doenças como diabetes tipo 2, hipertensão e problemas cardiovasculares. Mesmo indivíduos com IMC ligeiramente elevado podem enfrentar riscos significativos se tiverem excesso de gordura abdominal.
Estas importantes considerações tem implicações diretas na abordagem terapêutica, incluindo a indicação para a cirurgia bariátrica e metabólica. Durante anos, o IMC foi o critério principal para esta decisão, mas hoje existe um consenso crescente de que a presença de comorbilidades metabólicas e a distribuição da gordura corporal poderão ser fatores ainda mais relevantes.
O excesso de peso e a obesidade não são meramente questões estéticas – são condições médicas graves que exigem estratégias de tratamento eficazes e personalizadas. Avaliar os pacientes de forma abrangente, considerando múltiplos parâmetros, é essencial para identificar quem mais pode beneficiar da cirurgia bariátrica e de outras abordagens terapêuticas. Só equipas médicas experientes e dedicadas poderão acompanhar os desenvolvimentos médicos e providenciar as melhores abordagens aos doentes com excesso de peso e obesidade.
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