Tenho refluxo e azia: como isso influencia a decisão para cirurgia bariátrica?

O refluxo gastroesofágico pode manifestar-se através de sintomas como azia, regurgitação de líquidos amargos, tosse frequente, alterações na voz, problemas dentários, entre outros. Estas queixas são particularmente comuns em pessoas com obesidade, dado que o excesso de peso é um fator de risco importante para o desenvolvimento do refluxo.

Além do desconforto significativo que provoca, o refluxo pode comprometer a qualidade de vida e, em casos mais graves, originar complicações como esofagite ou alterações pré-cancerígenas no esófago. Perante este cenário, muitos pacientes questionam se a cirurgia bariátrica pode representar uma solução não só para a perda de peso, mas também para o alívio dos sintomas de refluxo e prevenção das suas complicações.

De facto, o refluxo deve ser cuidadosamente considerado na escolha do tipo de cirurgia bariátrica. A redução do peso corporal e da pressão intra-abdominal proporcionada por estas cirurgias pode contribuir para a melhoria do refluxo. Entre as opções disponíveis, o Bypass Gástrico em Y de Roux destaca-se pela sua elevada eficácia no alívio do refluxo e no tratamento de condições associadas, como a hérnia do hiato, a esofagite e o esófago de Barrett. Por esse motivo, é geralmente a intervenção preferida em casos de obesidade associada a doença de refluxo documentada.

Por outro lado, o Sleeve Gástrico, embora eficaz na perda de peso, pode agravar os sintomas de refluxo em alguns pacientes, sobretudo quando existe predisposição prévia ou presença de hérnia do hiato.

Assim, uma avaliação clínica detalhada — incluindo exames como a endoscopia digestiva alta e o trânsito esofagogástrico contrastado — é essencial para uma decisão cirúrgica segura e personalizada.

Em suma, o refluxo e a azia devem ser encarados como fatores determinantes na planificação da cirurgia bariátrica – estas cirurgias têm o potencial de melhorar a doença do refluxo gastroesofágico. A escolha do procedimento mais adequado deve ser individualizada, tendo em conta o historial clínico, os sintomas gastrointestinais e os objetivos de saúde a longo prazo. O acompanhamento por uma equipa multidisciplinar é fundamental para otimizar os resultados, quer na perda de peso, quer no controlo dos sintomas digestivos.

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